Primeiros Socorros


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Primeiros socorros são uma série de procedimentos simples com o intuito de manter vidas em situações de emergência, feitos por pessoas comuns com esses conhecimentos, até a chegada de atendimento médico especializado.

O melhor é obter treino em primeiros socorros antes de se precisar usar os procedimentos em quaisquer situações de emergência.

Diversas situações podem precisar de primeiros socorros. As situações mais comuns são para atender vítimas de acidentes automobilísticos, atropelamentos, incêndios, tumultos, afogamentos, catástrofes naturais, acidentes industriais, tiroteios ou para atender pessoas que passem mal: apoplexia (ataque cardíaco), ataques epilépticos, convulsões, etc.

Tão importante quanto os próprios primeiros socorros é providenciar o atendimento especializado. Ao informar as autoridades, deve-se ser direto e preciso sobre as condições da(s) vítima(s) e o local da ocorrência.

Avaliação das condições gerais da vítima
Todo procedimento de primeiros socorros deve começar com a avaliação das condições da(s) vítima(s).

Deve-se observar sinais (tudo o que se observa ao examinar uma vítima: respiração, pele fria, palidez, etc.), sintomas (é o que a vítima informa sobre si mesma: náusea, dor, vertigem, etc.) e sinais vitais (sinais cuja ausência ou alteração indica grave irregularidade no funcionamento do organismo. São eles: pulso (batimentos cardíacos), respiração, pressão arterial e temperatura. Existem estudos à luz das evidências científicas atuais que a dor pode ser considerada o quinto sinal vital, uma vez que somente os vivos sentem dor.

Desta forma um ponto importante tanto para o socorrista profissional ou leigo será em primeiro momento avaliar o nivel de consciência de sua vítima usando um parâmetro muito simples, chamado A.V.D.I.:

A (ALERTA)
V (VOZ)
D (DOR)
I (INCONSCIÊNCIA)
Em primeiro lugar, abordar a vítima independente do mecanismo sendo traumático ou clínico: se ao tocar na vítima o socorrista percebe uma reação espontânea, concluímos que ela está na fase A (ALERTA). Isto é um indício de que existe atividade neurológica: o cérebro está sendo suprido de oxigênio, pois para isto acontecer ele tem de estar estimulando o grupo muscular da respiração, como musculatura diafragmática e intercostal (caixa torácica).

Já a fase V (VOZ) é percebida quando a vítima não responde ao ser chamada pelo nome. É bom lembrar que a audição é um dos últimos sentidos a serem perdidos antes de o cérebro entrar em estado de inconsciência.

Não havendo nenhuma resposta à solicitação verbal estimularemos a D (DOR): feche a mão e com a área da dobra dos dedos friccionar o esterno da vítima, que fica localizado no meio do tórax, na junção das costelas. Havendo uma resposta muscular da vítima tanto em tentar inibir o estímulo ou qualquer outra que seja, saberemos que ainda existe uma atividade neurológica funcional, pois o cérebro ainda recebe oxigênio.

Entretanto, se não houver nenhum tipo de resposta como em não estar em ALERTA, responsivo à VOZ ou à DOR, a vítima está no estágio de I (INCONSCIÊNCIA), no qual o cérebro não mais recebe oxigênio e por falta deste não havera estímulo muscular. O que preocupa é a possibilidade da necrose, que é a morte de parte dos tecidos dos cérebro por escassez de oxigênio. Isso pode levar à paralisia, ao coma, e, em casos mais graves, à morte. Acontece também o que chamamos de relaxamento muscular generalizado, e o músculo da cavidade bucal, localizado imediatamente abaixo da língua, pode fazê-la inclinar-se para trás, o que obstrui a passagem de ar.

Assistência
Posição lateral de segurança (PLS)
A Posição Lateral de Segurança, pode ser utilizada em várias situações que necessitam de primeiros socorros, em que a vítima esteja inconsciente, mas a respirar e com um bom pulso, uma vez que esta posição permite uma melhor ventilação, libertando as vias aéreas superiores.

Esta não deve ser realizada quando a pessoa:

Não estiver a respirar;
Tiver uma lesão na cabeça, pescoço ou coluna;
Tiver um ferimento grave.

O que fazer...
Com a vítima deitada, ajoelhe-se ao seu lado;
Vire a cara da vítima para si. Incline a cabeça desta para trás, colocando-a em hiperextensão, para abrir as vias aéreas e impedir a queda da língua para trás e a sufocação por sangue. Se a vítima estiver inconsciente, verifique a boca e remova possíveis materiais que possam estar dentro desta;
Coloque o braço da vítima que estiver mais próximo de si ao longo do corpo dela, prendendo-a debaixo das nádegas desta;
Coloque o outro braço da vítima sobre o peito dela;
Cruze as pernas da vítima, colocando a perna que estiver mais afastada de si por cima da canela da outra perna;
Dê apoio à cabeça da vítima com uma mão e segure a vítima pela roupa, na altura das ancas, virando-a para si;
Dobre o braço e a perna da vítima que estiverem voltadas para cima até que formem um certo ângulo em relação ao corpo;
Puxe o outro braço da vítima, retirando-o debaixo do corpo dela;
Certifique-se que a cabeça se mantém inclinada para trás de forma a manter as vias aéreas abertas.

Respiração
A respiração é crítica para a sobrevivência do organismo, e garanti-la é o ponto fundamental de qualquer procedimento de primeiros socorros. O cérebro tem lesões irreversíveis (necroses) em no máximo 6 minutos após a interrupção da respiração. Após 10 minutos, a morte cerebral é quase certa.

Para verificar a respiração, flexione a cabeça da vítima para trás, coloque o seu ouvido próximo à boca do acidentado, e ao mesmo tempo observe o movimento do tórax. Ouça e sinta se há ar saindo pela boca e pelas narinas da vítima. Veja se o tórax se eleva, indicando movimento respiratório.

Se não há movimentos respiratórios, isso indica que houve parada respiratória.

Abertura das vias respiratórias
O primeiro procedimento é verificar se há obstrução das vias aéreas do paciente. Para isso, deixe o queixo da vítima levemente erguido para facilitar a respiração. Usando os dedos, remova da boca objetos que possam dificultar a respiração: próteses, dentaduras, restos de alimentos, sangue e líquidos. Os movimentos do pescoço devem ser limitados, e com o máximo cuidado: lesões na medula podem causar danos irreparáveis. Também é bom ressaltar: nunca aproxime a mão ou os dedos da boca de uma vítima que esteja sofrendo convulsões ou ataques epilépticos.


Respiração artificial
É o processo mecânico empregado para reestabelecer a respiração que deve ser ministrado imediatamente, em todos os casos de asfixia, mesmo quando houver parada cardíaca.

Os pulmões precisam receber oxigênio, caso contrário ocorrerão sérios danos ao organismo no aspecto circulatório, com grandes implicações para o cérebro.

A respiração artificial é feita de três modos:

a) boca-a-boca
b) boca-máscara
c) por aparelhos (entubamento)
A máscara de respiração é indicada para preservar o socorrista do contágio de doenças.

Procedimentos
Os procedimentos são os seguintes:

- deitar a vítima de costas sobre uma superfície lisa e firme;
- retirar da boca da vítima próteses (dentaduras, aparelhos de correção, se possível) e restos de alimentos, desobstruindo as vias aéreas;
- elevar com delicadeza o queixo da vítima, estabilizando a coluna cervical (é importante o cuidado com a medula e que a vítima não se movimente);
- tapar as narinas com o polegar e o indicador e abrir a boca da vítima completamente;
- a partir dai o socorrista deverá respirar fundo, colocar sua boca sobre a boca da vítima (sem deixar nenhuma abertura) a soprar COM FORÇA por duas vezes seguidas , até encher os pulmões, que se elevarão;
- afastar-se, tomar novamente ar e repetir a operação em média 12 vezes por minuto, de maneira uniforme e sem interrupção (ou seja, a cada 5 segundos a pessoa deve repetir a operação).
É importante dizer que a ausência de pulsação requer o procedimento de compressão torácica (massagem pulmonar) ou reanimação cardíaca.

Asfixia/sufocação
Dependendo da gravidade da asfixia, os sintomas podem ir de um estado de agitação, palidez, dilatação das pupilas (olhos), respiração ruidosa e tosse, a um estado de inconsciência com paragem respiratória e cianose (tonalidade azulada) da face e extremidades (dedos dos pés e mãos).

O que fazer...
Manobra de Heilmich
Se a asfixia for devido a um corpo estranho, proceda assim (numa criança pequena):

Se o objeto estiver no nariz, peça à criança para assoar com força, comprimindo com o dedo a outra narina;
Se for na garganta, abrir a boca e tentar extrair o objeto, se este ainda estiver visível, usando o dedo indicador em gancho ou uma pinça, com cuidado para não empurrar o objeto;
Colocar a criança de cabeça para baixo, sacudi-la e dar tapas (não violentos, mas vigorosos) no meio das costas, entre as omoplatas, com a mão aberta.
Quando há algum objeto impedindo a passagem de ar, médicos muitas vezes se vêem obrigados a perfurar com uma caneta, ou objeto equivalente, a parte frontal inferior do pescoço, perfurando a pele onde há pequena cavidade (na parte final da laringe, já na próximo à traquéia). Retirada a caneta, a pessoa pode passar a respirar pelo pequeno orifício. Destacamos contudo que tal procedimento deve ser adotado por pessoas com conhecimento avançado de anatomia, para que não sejam atingidas artérias, cordas vocais, etc.

É válido ressaltar que ninguém pode ser condenado criminalmente por tentar salvar a vida de terceiro, ainda que no socorro acabe provocando lesões como a fratura de uma costela, fato comum na hipótese de reanimação cardíaca. É que na hipótese se verifica a excludente de ilicitude denominada Inexigibilidade de conduta diversa.