A Formiga e a Cigarra


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O trigo, que juntou no seco
Estio Solícita a Formiga assoalhava,
Dês que o bosque deixou de ser sombrio.
A Cigarra importuna, que passava
Acaso por ali morta de fome,
Que lhe emprestasse dele, lhe rogava.
A fim que da resposta aviso tome,
Perguntou-lhe a Formiga, em que gastara
O tempo, em que se colhe o que se come?
A Cigarra lhe disse, que cantara,
Bem fora de cuidar poder cair
Naquela grande falta, em que se achara.
Começou a Formiga então de rir,
Dizendo: – Amiga, pois no Verão cantas,
Podes bailar no Inverno, e não pedir.